terça-feira, 6 de novembro de 2012
Som, voz e rádio-drama!
Dinâmica e agitada, a oficina de radio-drama teve início na tarde de hoje (06). Amanda Nogueira, facilitadora do espaço, é formada em jornalismo e artes cênicas, e tenta trazer um pouco de cada pra sua fala.
Dinâmicas de aquecimento vocal e contação coletiva de histórias fizeram parte da metodologia da oficina. Durante o espaço, Amanda falou, também, sobre os elementos básicos do rádio - efeitos sonoros, música, voz, silêncio - e sobre a estrutura do radio drama.
Ao longo do processo, os participantes irão aprender técnicas de dramatização no rádio e terão a oportunidade de colocar seus conhecimentos em prática. A oficina, que acontece das 14:00 às 16:00 terá continuidade até esta quinta-feira (08), sempre no mesmo horário.
Oficinas abordam diversas propostas radiofônicas
As tardes do Seminário, na terça, quarta e quinta, oferecem, aos seus participantes, oficinas que apresentam a propostas radiofônicas em diversos matizes, como rádio drama, rádio conto, rádio revista e noticiário. O intuito das oficinas é apresentar as diversas possibilidades de se trabalhar com o rádio, apresentando teorias e técnicas de cada proposta.
No espaço sobre rádio conto, abordaram-se os sentidos dos efeitos sonoros, as trilhas sonoras, a música, o som da voz humana e o poder que o silêncio possui dentro do contexto radiofônico.
Já a oficina de noticiário foram apresentados diversos exemplos de notícia e o lead jornalístico, ou seja, a estrutura de uma notícia. Enquanto isso, participantes da de rádio revista discutiram exemplos de roteiro e atividades com diferentes temas.
Outra turma acompanhou a apresentação da estrutura básica do rádio-drama, produção de conteúdos que envolvem, construção grupal de roteiros e aquecimentos vocais.
Mesa-redonda debate os atuais desafios do uso da comunicação na educação
Pensar maneiras de tornar a escola um espaço comunicativo, de troca. Esta foi a proposta da primeira mesa-redonda do Seminário, que aconteceu hoje (06/11). Thaís Shwarzberg, representante do Ministério da Educação (MEC), Jamil Marques, professor da UFC, e Gabriel Kaplun, professor da Universidad de la Republica, do Uruguai, debateram o tema “Comunicação e políticas públicas: desafios atuais”.
Thaís Shwarzberg, da Diretoria de Currículos e Educação Integral do MEC, explicou, em sua fala, que, historicamente, a população brasileira foi marcada por uma cultura do silêncio. “Nós fomos podados de uma prática democrática e do diálogo por séculos e séculos”, disse, acrescentando que, para contribuir com a mudança de tal herança histórica, é que surgiu o Programa Mais Educação, do Governo Federal.
De acordo com a representante do Ministério, o programa Mais Educação é um indutor de políticas públicas que conta com dez macrocampos de atuação, incluindo o de comunicação e uso de mídias, no qual se insere, dentre outros, o rádio educativo. “Esse macrocampo é visto como um espaço para fomentar processos democráticos de comunicação dentro da escola, ampliando esses espaços e também a diversidade de atores que se envolvem no processo pedagógico na escola pública”, esclarece ela.
Para Thaís, o desafio do MEC é seguir capilarizando a proposta humana e afetiva de educação proposta pelo educador Paulo Freire, que defende a escola como um espaço de carinho e troca. Desta forma, a ideia é tranversalizar cada vez mais o potencial comunicativo como prática pedagógica. “A comunicação vai ser um instrumento indutor para fortalecer espaços de diálogo críticos que empoderem essas crianças (e jovens)”, observa.
Atualmente, 32.070 escolas brasileiras participam do Mais Educação. No Ceará, são 2.787, das quais 704 estão inseridas no macrocampo comunicação e uso de mídias e 367 trabalham com rádio escolar.
O professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC, Jamil Marques, trouxe ao debate, por sua vez, questões relacionadas à educação digital. “Como solucionar os problemas relacionados a essa cultura do silêncio, a uma educação exclusivista e à inexperiência democrática sem certas ferramentas presentes na contemporaneidade, como o acesso à internet?”, questionou. Por isso, ele destacou o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), que faz parte de uma série de tentativas de combate à exclusão digital, mas que ainda enfrenta interesses mercadológicos muito fortes.
Gabriel Kaplun, professor da Universidad de la Republica, do Uruguai, falou da importância do processo de democratização da comunicação para a promoção de políticas públicas de comunicação e também de como a comunicação pode atuar na promoção de outras políticas públicas. Segundo ele, estamos vivendo um esforço dos países da América Latina para a construção da cidadania, no entanto, os esforços de meios educativos ainda não tiveram resultados, têm ficado longe da audiência. “Quando, ao passar os canais na TV, chegamos a um canal educativo, sabemos que é o momento de trocar de canal, porque supomos que é algo cansativo. Os materiais educativos educam muito menos que os menos educativos”, disse.
Para ele, o discurso narrativo acaba tornando-se mais eficiente que o da didática. “A didática acaba matando a educação”, acredita o professor. “Deve-se pensar em uma educação para os meios, criar espaços para fazer uma leitura crítica dos meios. Afinal, quando trabalhamos os meios, compreendemos os meios. E quando os jovens ficam mais críticos com os meios, eles ficam mais críticos com a escola”.
Kaplun, então, finaliza o debate ainda com provocações: “para que servem os meios? Para ter mais informação? Talvez. Mas informar não é comunicar. A sigla TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) também fala de comunicação. Como diz Paulo Freire, comunicação é um diálogo”.
[Entrevista] Angêla Sastre: "podemos nos comunicar, saber o que está acontecendo e depois nos ajudarmos"
Em que contexto social e geográfico estão inseridas as iniciativas de rádio promovidas nas zonas de conflito na Colômbia?
A Colômbia tem muitas regiões em conflito armado, como a Serra da Macarena. Lá é onde mais se produzia coca, desafortunando a gente que vivia ali, mas era um negócio muito lucrativo. As crianças [que trabalhavam raspando coca] usavam pulseiras, cordões de ouro e tinham muito dinheiro, mais do que seus pais. Elas chegaram a pensar que poderiam fazer o que quisessem, ter um uniforme, um fuzil. Não tinha autoridade, nem dos pais nem dos avós.
É neste cenário que aparece o rádio. Rádios em postes, com alto-falantes, mas existiam equipes de produção que contemplavam o que acontecia na comunidade. São regiões em condições que você nem imagina e a rádio ajudava a servi-los. O medo dos guerrilheiros existe, quase todos os dias havia um velório, era normal. Quando chega a rádio, as pessoas começam a falar o que necessitam, e necessitam de assistência médica, de um lugar para abastecer o mercado, de condições dignas. Mesmo assim, muita gente ainda não queria produzir por medo.
Qual seria o papel da rádio nas comunidades da Serra da Macarena e do Morro de Maria?
Demonstrar a realidade e, um pouco, também para pensar que podemos nos comunicar, saber o que está acontecendo e depois nos ajudarmos. E, também, contar o que acontece e do que necessitamos.
Quais os benefícios para os jovens quando participam do processo de produção da rádio?
O uso das tecnologias, manejar computadores, investigar sons, lhes fascina. À música, lhes encanta investigar. São benefícios que eles gostam de aprender aqui, porque eles têm que pesquisar músicas e efeitos sonoros. É um processo completo e muito divertido (risos).
Além disso, é um trabalho que tem muita personificação dramática, pois são crianças que podem ser recrutadas pelos grupos armados, então nós tínhamos que contar as histórias de como eles são recrutados e não sabíamos como fazer, porque as crianças são muito pequenas, têm seis, sete ou oito anos. Daí, dramatizamos as histórias para deixar mais divertido.
Qual o papel social da rádio educativa nas comunidades para inserir o jovem como produtor de comunicação? E qual a importância disso na construção de jovens conscientes da sua cidadania?
Penso que o tripé “pesquisa, comunicação e educação” é muito importante, porque estimula o pensamento crítico, analisa a sociedade, pergunta a si mesmo e aos demais. Em Bogotá que, como em Fortaleza, têm favelas, existem redes de rádio nos colégios, de informação permanente, inteligência crítica, audiência crítica. Algumas empresas financiam projetos [de rádio] feitos por alunos, e isso é muito bom. Eles ficam animados e encantados.
Radionovela boliviana discute o direito humano à comunicação, pluralismo e diversidade
Johnny Luis Anaya López, da Bolívia, trouxe as experiências com radionovela. O Programa Vozes Nossas que,
trabalhando com a metodologia de educomunicação, produziu uma radionovela sobre
direito a comunicação, pluralismo e diversidade, participação cidadã e
democracia. As produções foram reunidos a nível nacional com 36 rádios (na sua primeira
versão) e 25 rádios (nesta segunda versão), cada uma das quais tem trabalhado com parceiros
locais (municípios, associações de bairro etc.) desenvolvendo um conjunto de
atividades de mobilização social.
Confira alguns trechos dessas produções!
"Contando Historias" para cambiar vidas
Las radios bolivianas, protagonistas del Programa Voces Nuestras
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Confira a programação de hoje para o I Festival Latino-Americano de Rádio Educativo!
6 de novembro – 16h30
Roda de Conversa: Formas Alternativas de Produção Radiofônica e Intervenção Sonora
com Coletivo de Rádio Potência Mental (Brasil/RS)
- A abertura do Festival recebe o grupo gaúcho formado por usuários da rede de saúde mental, estudantes e profissionais de Psicologia, Saúde e Comunicação Social. A experiência foi inspirada nos trabalhos da Rádio La Colifata (Buenos Aires) e Nikosia (Barcelona), que também atuam com a perspectiva de intervenção sonora junto a pacientes com transtornos mentais.
6 de novembro – 17h15 - 18h30
Roda de Conversa: Rede de rádios e cidadania
- O segundo momento do primeiro dia de Festival, com participação de Gissela Maritza Davila Cobo, da ONG Coordinadora de Radios Populares e Educativas del Equador (CORAPE), do Equador, Johnny Luis Anaya López, do Programa Vozes Nuestras, da Bolívia, e Miguel Ángel González Silva e Roberto Jordán Chipiaje, da Comunidad indigena La Reforma, municipio Atures estado Amazonas, da Venezuela.
Ângela Sastre palestra no segundo dia de atividades
Na palestra que abriu o segundo dia do II Seminário Latino-Americano Rádio e Educação, nesta terça-feira (06/11), a jornalista e professora colombiana Ângela Sastre discutiu a temática Rádio Escola e Interação Comunitária no Contexto da Violência.
A palestrante relatou a experiência com o projeto de rádios-escola na região da Serra de Macarena, localidade dominada, desde a década de 1960, pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). A partir desta problemática, comunicadores, jornalistas, educadores, psicólogos, cientistas e agente sociais fundaram a ONG ComunicArte, que atua no local.
Ela apresentou as ações do grupo, que incluem conscientização sobre direitos humanos, incentivo aos jovens para que atuem como agentes de transformação social e integração entre professores e alunos. Apesar dos constantes relatos de sucesso, porém, a palestrante afirmou que o projeto enfrenta muitos problemas, como a falta de financiamento e as constantes acusações de ilegalidade da rádio em função da falta de concessão pública.
Contrapondo a isso, Ângela fez um balanço sobre a situação da região no início do projeto e como ela se encontra atualmente. De acordo com a pesquisadora, os habitantes estão bem mais cientes dos seus direitos e o envolvimento de jovens com ações ilícitas também diminuiu.
“Rádio é uma vivência, uma maneira de unir e resgatar valores, uma forma de permitir que os jovens e crianças também usem suas palavras”, finaliza Ângela.
Programa Juventude na Comunicação é tema do I Relato de Experiências
Na manhã desta terça-feira (6 de novembro), os participantes do II Seminário Latino-Americano de Radio e Educação puderam conferir o primeiro relato de experiências do evento. O programa de rádio “Juventude na Comunicação”, desenvolvido no município de Horizonte (CE) foi apresentado pelas professoras e coordenadoras do projeto, Virgínia Laura e Cícera Erlândia, e por alguns dos alunos participantes.
O Juventude na Comunicação surgiu dentro do Eu Sou Cidadão, o maior projeto de incentivo à leitura do Nordeste. O programa de rádio, desenvolvido por alunos do ensino fundamental, ganhou espaço dentro das escolas da rede pública de Horizonte e, atualmente, é veiculado pela Rádio Horizonte FM duas vezes na semana, às terças e quintas. O projeto abrange 13 escolas do município, cada uma com a participação de quatro alunos e um professor orientador.
A professora e uma das coordenadoras do programa, Virgínia Laura, afirma que é necessário trabalhar a comunicação dentro das escolas. “É importante para o desenvolvimento intelectual da criança, a liberdade de expressão e a desenvoltura deles de uma forma geral”, explica.
Antes de começar a produzir os programas, alunos e professores receberam formações da ONG Fundação Casa Grande, de Nova Olinda (CE), para conhecer e manusear os equipamentos utilizados. Depois, a jornalista Ana Carolina Costa acompanhou a formação direcionada para o conteúdo que seria veiculado. “Desde então, acontecem formações periódicas para avaliar o andamento do projeto, discutir possíveis dificuldades e superá-las”, diz Virgínia.
Durante o relato, os estudantes puderam compartilhar suas experiências no contexto da rádio educativa dentro e fora das escolas. A aluna Brenna Kélly, de 14 anos, ressalta a importância desses projetos para o seu futuro e comenta como a participação no programa ajudou em seu desenvolvimento. “Antes eu era bem tímida, mas agora já fui até chamada para ser cerimonialista”, conta.
As atividades do II Seminário Latino-Americano de Rádio e Educação terão continuidade até quinta-feira, dia 8 de novembro.
Conferência de abertura debate o panorama do rádio educativo na América Latina
“O rádio educativo é diferente, alternativo, não é comercial. Somos a voz dos que não tem voz”, destaca a coordenadora de formação e pesquisa da Associação Latino-Americana de Educação Radiofônica (ALER), Maria Cianci, ao definir o papel social do rádio educativo na América Latina durante a conferência de abertura do II Seminário Latino-Americano de Rádio e Educação. A conferência aconteceu na noite de ontem (05/11) e contou, ainda, com a participação de Alma Motoya, coordenadora da ONG colombiana ComunicArte, e mediação de Edgard Patrício, coordenador geral do Seminário.
Logo no inicio da conferência, Alma Montoya, que também é pesquisadora especialista em Comunicação e Gestão do Desenvolvimento Comunitário, fez algumas provocações com o intuito de lançar uma visão panorâmica do cenário latino-americano em rádio educativo: “Como está o rádio educativo no continente? O que representa o atual momento?”. Para a pesquisadora, o ideal seria, por exemplo, que todas as escolas tivessem experiências em rádio educativo. “Com essas experiências, as crianças crescem em sua autoestima e liberdade de expressão, e essa é a importância do rádio educativo num contexto escolar”, explica.
A ALER é uma associação de rádios populares que surgiu em 1972, a partir da associação de 18 rádios que vinham promovendo um processo de alfabetização a distância principalmente na zona rural. A Associação tem como objetivo a busca pela construção de sociedades mais justas e dignas.
Segundo María Cianci, a proposta destas rádios é manter a identidade das pessoas que as estão produzindo, usar as suas próprias falas, como uma conversa informal, sem seguir o modelo convencional dos programas de rádio comerciais. Além de privilegiar a voz do povo, os veículos fortalecem também a organização social e política, buscando transformar a estrutura de seus países.
Palestra discute rádios escolares em zonas de conflito
A primeira atividade da manhã desta terça-feira, segundo dia de Seminário, é a palestra da colombiana Ângela Sastre. Discutindo, a partir da experiência concreta, a temática Rádio Escola e Interação Comunitária no Contexto da Violência, ela conta a experiência das rádios escolares em zonas de conflito entre o governo e a guerrilha na Colômbia.
Ela conta que, na região da Serra de Macarena, na Amazônia Colombiana, as crianças trabalhavam raspando coca e ganhavam mais dinheiro que seus pais e avós com apenas oito anos. A rádio, então, funcionava como ligação entre as regiões que eram abandonadas pelo governo colombiano. Depois que o Estado entrou nessas zonas, o dinheiro se foi, criando uma situação contraditória de miséria.
Acompanhe mais em: http://www.surfbyte.com.br/jv/
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