quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Intervenções audiovisuais marcam o encerramento do I Festival Latino-americano de Rádio Educativo

“O espaço político, público, não está pronto. A gente tem que criar esse espaço e aparecer politicamente.” Foram estas as palavras utilizadas por Márcio Beloc, membro do Instituto Cultural Nikosia e colaborador do coletivo de rádio Potência Mental, durante as intervenções realizadas no encerramento do I Festival Latino-americano de Rádio Educativo.

As apresentações aconteceram na tarde desta quinta-feira (08/11) no pátio do prédio da FEAAC e contaram com a participação do artista visual e coordenador da Zuada Rádio Livre, Marquinhos, e do professor da UERJ e articulador da Rádio Kaxinawá Mauro Sá Rego.

O coletivo Aparecidos Políticos deu início à atividade apresentando o manifesto do rádio livre. “Com quantas perguntas se faz um pensamento¿ Com quantas rádios livres se faz uma revolução¿” indaga, fazendo uso de um material audiovisual correlacionando temas como a anarquia à liberdade.

 “Caos: Terrorismos Poéticos e Outros Crimes Exemplares”, intervenção idealizada por Mauro Sá, uniu, em material sonoro, uma intensa decupagem de várias obras artísticas realizadas à base do radiodrama. “Usei palavras, sons, ruídos e músicas mixadas principalmente pela estética sonora”, disse o professor.
Imagens e vinhetas da Rádio Nikosia, de Barcelona, fizeram parte da apresentação de Márcio Beloc, do coletivo Potência Mental, que, após a apresentação, interagiu com o público debatendo a temática.
O evento contou, ainda, com a participação da professora do Instituto de Cultura e Arte da UFC, Deisimer Gorczevski, que articulou o encontro a partir da Pesquisa In(ter)venções Audio-Visuais das Juventudes em Fortaleza e Porto Alegre.

I Encontro dos Grupos de Trabalho apresenta propostas inovadoras no campo da Comunicação e Educação



É cada vez mais importante a inclusão do rádio e de outras mídias na construção de novas perspectivas da Educação, tanto na formação de estudantes e professores quanto nas relações entre as comunidades e as instituições educacionais. Foram apresentadas e discutidas propostas relacionadas a essas perspectivas durante o I Encontro de Grupo de Trabalhos (GT), organizado pelas professoras do Programa de Pós-graduação do curso de Comunicação Social da UFC, Márcia Vidal e Deisimer Gorczevski, neste último dia do Seminário Latino- americano  Rádio e Educação.

Professores e estudantes do Ceará apresentaram diversos trabalhos relacionados desde projetos de inclusão do rádio nas escolas a projetos experimentais de educomunicação. Em uma das apresentações, no GT coordenado por Márcia Ximenes, o professor Luis Celestino relatou experiências do grupo de estudos que coordena pela Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri. Através do mapeamento de práticas de comunicação na região do Cariri, o grupo procura o reconhecimento do curso de comunicação no lugar, questionando problemáticas como a apropriação ilegal das rádios comunitárias por igrejas e grupos políticos.

No GT organizado pela professora Deisimer, foram apresentadas experiências inusitadas como a intervenção sonora da professora Concília de LaTorre com o seu grupo de pesquisa  e o jingle de homenagem aos 30 anos da Rádio Universitária da UFC, produzidos pelo estudante de Comunicação Marco Fukuda. “Foi um GT muitíssimo rico, aprendemos muito, ficamos com vontade de aprender mais, de nos encontrarmos novamente”, comentou Pedro Rogério, radialista e professor de música da UFC que esteve presente no encontro. “Não esgotou, pelo contrário, é um GT obra aberta, uma obra aberta para a gente continuar a refletir”, completa.

Criatividade e troca de ideias nas oficinas do Seminário


As oficinas oferecidas pelo Seminário foram finalizadas na tarde desta quinta-feira (08).  Os encontros, que vinham sendo realizados desde terça-feira, tiveram como objetivo a discussão e a prática de atividades radiofônicas.

A oficina de radiorevista, por exemplo, propôs a realização de um modelo de programa com a inserção de temas variados. Patrícia Montenegro, integrante da oficina, comenta a experiência do aprendizado: “há alguns participantes uruguaios e argentinos, então nós podemos trocar informações sobre a rádio em nossos países”. Para ela, a forma brasileira de fazer rádio é mais informal do que a de outros países latinos, que são pontuais em conteúdo.

Enquanto as produções ganhavam ritmo, a oficina de radiodrama, ministrada pela jornalista Amanda Nogueira, buscava ensinar aos participantes como criar uma interpretação teatral para o rádio com uma temática social, o chamado sociodrama.  Ainda no contexto do radiodrama, a oficina de radioconto realizava uma adaptação de contos literários para o rádio. A facilitadora Klycia Fontenele, afirmou que o objetivo da oficina, além de compartilhar experiências entre os integrantes, era divulgar esse modo de produção radiofônica, principalmente, para o Brasil que, segundo Klycia, trabalha muito pouco esse tipo de interpretação.

Os momentos de aprendizagem proporcionaram a discussão, pesquisa e produção de programas de rádio. Alunos, professores e demais participantes puderam, ainda, refletir sobre diversas temáticas abordadas durante os encontros. Todas as produções das oficinas estarão disponíveis, em breve, no blog da cobertura colaborativa.

Para aprender com o rádio, todo lugar é válido!



Quem tem acesso à cultura? Qual o papel da educação no processo de produção de comunicação? Este s foram alguns dos questionamentos feitos pela professora Mônica Fantin durante a Mesa Redonda “Rádio Educativo, Cultura Escolar e Participação” que aconteceu hoje (08) como parte da programação do II Seminário Latino-americano Rádio e Educação.

A relação entre rádio e escola como alternativa de aprendizagem foi uma das linhas de discussão abordadas pela professora. Como resultado do diálogo entre meio de comunicação e ambiente escolar, Mônica cita as experiências de autoria e expressões da comunidade escolar por meio da participação de um processo educativo para além da sala de aula.

Segundo Mônica Fantin, a realização de projetos que incluem o rádio como instrumento de educação permite ao estudante a possibilidade de produção criativa e colaborativa, aspectos fundamentais para a formação cidadã. De acordo com a professora, a importância de espaços de reflexão, como este Seminário, está no fato de ser uma oportunidade para socializar experiências e dar visibilidade às boas práticas, além de problematizar as possibilidades do rádio em projetos na escola ou fora dela.

A discussão contou com a participação de Alma Montoya, diretora da ONG ComunicArte, da Colômbia. De acordo com Alma, o conceito de rádio-escola deve estar relacionado com a produção de sons rotineiros, não só da escola, mas também da comunidade.

Uma experiência apresentada por Alma, e que foi recebida de modo positivo pela platéia, chama-se “Burrófano”. A atividade consiste na utilização do animal que nomeia o equipamento sonoro, ou seja, o burro, como veículo de mobilização comunitária. Jovens e adultos se apropriam das caixas de som para fazer suas reivindicações que, com a ajuda do animal, ganha um alcance maior.

A Mesa contou ainda com a contribuição da professora Kátia Patrocínio que fez uma retrospectiva da comunicação comunitária em Fortaleza que, desde a década de 1980, vem desenvolvendo atividades com base em uma perspectiva participativa. A professora citou uma formação em rádio educativo realizada pela ONG Arcos Cepoca e, nos anos seguintes, pelo Unicef. Kátia reforçou que a perspectiva do rádio educativo começou nas comunidades e, em seguida, ganhou espaço nas escolas “ é interessante que a partiicipação continue existindo para garantir a perspectiva educativa do rádio”, salienta.

[Radioweb] Entrevista com Ismar Capistrano

No estúdio de rádio montado no II Seminário Latino-Americano Rádio e Educação, todo mundo tem voz! Quem ocupou o espaço no segundo dia de evento foi a entrevista realizada, pela cobertura colaborativa, com o professor Ismar Capistrano, doutourando da UFMG que ministrou a palestra Radioweb e Educação.

[Radioweb] Ao vivo, a cores, ao som!

O Seminário conta, desde seu início, com duas rádios instaladas nos corredores da FEAAC. O uso delas vem se dando de forma criativa e democrática, transformando-as em espaços para as mais diversas formas de expressão e constituindo uma atração especial do evento. No primeiro dia, estudantes do primeiro semestre de comunicação social da UFC entrevistaram adolescentes que fazem o programa Juventude na Comunicação, na FM Horizonte, em Horizonte (CE). Confira abaixo!

Em debate, as intervenções da juventude


 “Haveria espaço para a relação entre os meios de comunicação e a atuação política das juventudes?”, questionou a professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Deisimer Gorczeviski, durante a apresentação da terceira palestra do Seminário. O momento, mediado pelo jornalista Danilo Patrício, aconteceu na manhã desta quinta-feira (8/11) e teve como tema Comunicação e Interação Juvenil.

Para responder as problemáticas colocadas, a professora buscou compartilhar as experiências do projeto que ela coordena, o In(ter)venções Audioviusais. A pesquisa acompanha processos de intervenções audiovisuais promovidos por jovens, seja em atividades desenvolvidas por ONGs ou em coletivos autônomos. O objetivo é analisar como eles experimentam o poder de intervir e inventar, bem como a incidência de tais intervenções nas políticas públicas, tanto em Fortaleza (CE), como em Porto Alegre (RS).

Segundo Deisimer, é muito delicado definir intervenção. Se a análise for feita pelo ângulo da política, explica, esse fenômeno social tem o seu papel principal em uma época muito crítica do Brasil, a ditadura militar, pois o momento foi marcado por uma intensa produção de ações intervencionistas por meio da arte.
Durante a palestra, exemplos apresentados pela professora, como os coletivos Levantes da Juventude, Mostra Audioviusual da Comunidade do Titanzinho (Fortaleza) e Aparecidos Políticos, mostraram como os jovens podem se apropriar das mais variadas linguagens para intervir na sociedade.

O coletivo Aparecidos Políticos, por exemplo, se apropria da arte para fazer manifestações pela conscientização dos casos ainda não solucionados de desaperecimentos de pessoas durante o período da ditadura militar. Marquinhos (como prefere ser chamado), um dos integrantes do movimento, explica que a escolha pela linguagem artística para se expressar deve-se a possibilidade de levar as suas manifestações a lugares que nenhum movimento social consegue chegar.

Marquinhos ainda acrescenta que falar de desaparecidos políticos não siginifica falar de entidades, mas das histórias dessas pessoas. Portanto, devido ao processo de pesquisa que os integrantes do coletivo fazem para conhecer melhor cada caso de desaparecimento, eles passam a se sentirem parte da vida dos desaparecidos e de suas famílias. “O que nós tratarmos dessas questões é a percepção de que alguma coisa está errada e que há possibilidade de mudança”, diz.

Sobre o Seminário, Deisimer considera que é uma excelente ocasião para fortalecer a relação entre universidade e cidade e provocar reflexões sobre as diversas intervenções que os jovens promovem em seus processos criativos: “um evento como esse é um momento de circular essas produções para que esses lugares da nossa cidade que ainda não são conhecidos possam ser, de alguma forma, visualizados e vistos nessas formas de interveções que eles provocam lá”.

“As crianças querem falar"


O terceiro e último relato de experiências do Seminário, um dos espaços da manhã desta quinta-feira, abordou a relação entre infância, adolescência e rádio na Amazônia Peruana. Oraldo Reátegui Segura, membro da ONG Fundación Instituto de Promoción Social Amazónica e diretor da rádio La Voz de La Selva, trouxe aos participantes a experiência de um programa de rádio produzido por crianças e adolescentes da região. “As crianças querem falar", ressaltou.

A Amazônia Peruana, mesmo sendo culturalmente rica, ainda enfrenta baixos índices de educação escolar. “Nesse contexto, desenvolvemos experiências que têm muito de intuição, de inspiração, e pouco de recursos”, contou Oraldo. Foi assim que surgiu a proposta de um programa feito por crianças e adolescentes. “As crianças não deveriam estar só escutando histórias, mas também contando histórias”, pensava.

Veio, então, a idéia de promover uma oficina sobre crianças e meios de comunicação. “Descobrimos que, entre os meios que as crianças consumiam, o rádio estava em último lugar. Ninguém escutava rádio”, lembra o diretor da La Voz de La Selva. Ao fim da oficina, no entanto, eles estavam certos de que era com rádio que queriam trabalhar.

O programa já tem um ano e meio e, atualmente, 10 crianças e adolescentes de 10 a 16 anos trabalham conduzindo e dirigindo o processo de produção em conjunto com a emissora. “Eles fazem entrevistas, falam pelo telefone, fazem campanhas sobre o bullying, por exemplo”, explica Oraldo. “Eles se transformaram em interlocutores, se consideravam verdadeiros jornalistas”, acrescenta.

Para Oraldo, o projeto tem colaborado na construção de uma nova relação entre adultos e crianças. “Pensávamos em uma sociedade adultocêntrica, em que as crianças são o futuro, o presente não, então não interessam”, pontua ele, observando que, em contraponto a isso, a audiência adulta hoje é uma realidade, pois “muitos adultos ligam, participam por telefone. E não é uma participação em que eles reclamam ou elogiam. Eles dão sua opinião e as crianças discutem essa opinião”.

O diretor da rádio La Voz de La Selva conclui seu relato constatando, ainda, que as crianças e os adolescentes têm se utilizado do programa em busca da garantia dos seus direitos. “Cada vez mais ele sentem que podem mais e melhor participar das políticas públicas, dos parlamentos juvenis, da educação e ir em busca dos seus direitos”. Quanto aos valores morais que a experiência proporciona, Oraldo aponta que “a solidariedade e a participação cidadã são o principal”.

[Na Mídia] Thaís Schwarzberg em entrevista na Rádio Universitária

A Rádio Universitária (FM 107,9)entrevistou, no Jornal da Educação desta quarta-feira (07/11), Thaís Schwarzberg, consultora da Organização dos Estados Íbero-Americanos para o programa Mais Educação do MEC. Thaís veio à Fortaleza para participar da mesa redonda "Comunicação e Políticas Públicas: Desafios Atuais", do II Seminário Latino-Americano Rádio e Educação, aonde debateu, com o uruguaio Gabriel Kaplun, da Universidad de la República, e Jamil Marques, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC. Confira a entrevista que foi ao ar!

Ondas da Infância no ar


A Liga Experimental de Comunicação, projeto de extensão do Curso de Comunicação Social da UFC, foi um dos grupos a apresentar-se no I Festival Latino-Americano de Rádio Educativo na tarde desta quarta-feira (07/11). Sua intervenção no evento abordou os direitos humanos das crianças e dos adolescentes, apresentando o programa Ondas da Infância.

O Ondas da Infância é um programa de rádio educativo que visa a socialização e a difusão para a criança, assim como para sua família, dos seus direitos e deveres na
sociedade. Os representantes da iniciativa, Ranniery Melo e Luana Barros, relataram suas experiências na gravação dos primeiros programas e explicaram a importância das formas de abordagem que desenvolvem, como o uso de músicas infantis e a visão de um profissional acerca do assunto debatido, para relacionar-se com o público de todas as idades.

Outro ponto importante da atividade foi a relação entre o veículo e o público a ser alcançado pela ação. A partir disso, segundo os membros da iniciativa, é
que surgiu a ideia de utilizar, dentre outros meios, o rádio. Em muitas comunidades do interior a população não tem acesso à internet, e o rádio, com sua essência democrática, ainda é o principal meio de informação nessas áreas, e é essa população o projeto busca atingir.

Finalizando a atividade, os representantes da Liga Experimental de Comunicação enfatizaram o papel da extensão universitária como espaço de aprendizagem e difusão de
conhecimento para a sociedade.

Troca de conhecimento e experiências no I Festival Latino-Americano de Rádio Educativo



Pesquisadores, monitores e membros de rádios-escola do Brasil, Argentina e Colômbia estiveram, na tarde desta quarta-feira (07/11), dialogando sobre formação em rádio educativo numa roda de conversa do I Festival Latino-Americano de Rádio Educativo. Neste espaço de intercâmbio de experiências, os presentes puderam conhecer a realidade e os desafios da produção de rádio com fins pedagógicos de cada país.

O Festival foi iniciado com Luana Barros e Ranniery Melo, membros da Liga Experimental de Comunicação, projeto de extensão do Curso de Comunicação Social da UFC, que apresentaram as produções radiofônicas desenvolvidas por eles. O programa de rádio que é produzido por ambos chama-se Ondas da Infância e é voltado para promoção dos direitos da criança e do adolescente.

A professora Luisa Daniela Marelli, de Córdoba (Argentina), desenvolve o projeto Pide la Palabra na escola em que leciona. O programa, que é veiculado nos recreios da manhã e da tarde, trabalha a discussão de temáticas transversais sob a ótica de realidade dos estudantes. Ela explica que o Pide la Palabra é desenvolvido por alunos que não eram aceitos em outras escolas. O emprego da rádio como ferramenta educativa, portanto, foi a estratégia para quebrar esse estereótipo e criar novos ambientes. “A comunicação não é alheia, nós fazemos parte da comunicação”, ressalta a educadora.

Ao longo de todo o festival, as falas permearam em torno do direito à educação e à inclusão por meio da comunicação. Com unanimidade, os relatos de todos os presentes na mesa definiram o estudante como o centro e real protagonista e público dos projetos. Afinal, “o direito a comunicação também é extensivo às crianças e adolescentes e é uma prática de cidadania, incluindo o estudante enquanto ser de opinião, no cenário de exercício de direitos” observa Daniela.