quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Em debate, as intervenções da juventude
“Haveria espaço para a relação entre os meios de comunicação e a atuação política das juventudes?”, questionou a professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará (UFC), Deisimer Gorczeviski, durante a apresentação da terceira palestra do Seminário. O momento, mediado pelo jornalista Danilo Patrício, aconteceu na manhã desta quinta-feira (8/11) e teve como tema Comunicação e Interação Juvenil.
Para responder as problemáticas colocadas, a professora buscou compartilhar as experiências do projeto que ela coordena, o In(ter)venções Audioviusais. A pesquisa acompanha processos de intervenções audiovisuais promovidos por jovens, seja em atividades desenvolvidas por ONGs ou em coletivos autônomos. O objetivo é analisar como eles experimentam o poder de intervir e inventar, bem como a incidência de tais intervenções nas políticas públicas, tanto em Fortaleza (CE), como em Porto Alegre (RS).
Segundo Deisimer, é muito delicado definir intervenção. Se a análise for feita pelo ângulo da política, explica, esse fenômeno social tem o seu papel principal em uma época muito crítica do Brasil, a ditadura militar, pois o momento foi marcado por uma intensa produção de ações intervencionistas por meio da arte.
Durante a palestra, exemplos apresentados pela professora, como os coletivos Levantes da Juventude, Mostra Audioviusual da Comunidade do Titanzinho (Fortaleza) e Aparecidos Políticos, mostraram como os jovens podem se apropriar das mais variadas linguagens para intervir na sociedade.
O coletivo Aparecidos Políticos, por exemplo, se apropria da arte para fazer manifestações pela conscientização dos casos ainda não solucionados de desaperecimentos de pessoas durante o período da ditadura militar. Marquinhos (como prefere ser chamado), um dos integrantes do movimento, explica que a escolha pela linguagem artística para se expressar deve-se a possibilidade de levar as suas manifestações a lugares que nenhum movimento social consegue chegar.
Marquinhos ainda acrescenta que falar de desaparecidos políticos não siginifica falar de entidades, mas das histórias dessas pessoas. Portanto, devido ao processo de pesquisa que os integrantes do coletivo fazem para conhecer melhor cada caso de desaparecimento, eles passam a se sentirem parte da vida dos desaparecidos e de suas famílias. “O que nós tratarmos dessas questões é a percepção de que alguma coisa está errada e que há possibilidade de mudança”, diz.
Sobre o Seminário, Deisimer considera que é uma excelente ocasião para fortalecer a relação entre universidade e cidade e provocar reflexões sobre as diversas intervenções que os jovens promovem em seus processos criativos: “um evento como esse é um momento de circular essas produções para que esses lugares da nossa cidade que ainda não são conhecidos possam ser, de alguma forma, visualizados e vistos nessas formas de interveções que eles provocam lá”.
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